Domingo, 17 de Junho de 2007

A Nossa Agricultura

A nossa agricultura, no contexto de uma União Europeia em expansão, terá forçosamente que melhorar os seus níveis de produtividade e rendimento. Para isso teremos que reflectir nos problemas que a afectam e os modos de os resolver.

Um dos problemas da nossa agricultura, é a má utilização do solo.

Em Portugal, mais de metade dos solos têm uma boa aptidão para floresta (59,4%) e apenas cerca de  um quarto (26%) são aptos para a agricultura. No entanto são utilizados para a mesma 39% e para  o sector florestal, 35%. Ou seja, muito do solo que está a ser utilizado para a agricultura não tem aptidão agrícola.

            No nosso país existem mais de quatro mil explorações agrícolas de dimensões e características variáveis.

No Continente, as explorações agrícolas concentram-se em maior número nas regiões da Beira Litoral e Entre - Douro e Minho. Predominam aqui os minifúndios. No Norte, em geral, o relevo acidentado, o carácter anárquico da reconquista, o parcelamento de terras pelo clero e Nobreza, a elevada densidade populacional,  a partilha de heranças beneficiando igualmente todos os filhos, são factores que conduziram a uma excessiva fragmentação da propriedade. Esta,  dificulta a  mecanização agrícola  e inviabiliza a rentabilização das propriedades.

            Predomina em Portugal uma população agrícola envelhecida e com baixo nível de instrução.

De facto, cerca de 140 mil agricultores tem mais de 65 anos, cerca de 100 mil tem entre 55 e 64 anos, 80 mil tem idades entre os 40 e 54 anos. Apenas 20 mil agricultores têm menos de 39 anos.

Quanto ao nível de instrução, 20 % não sabe ler nem escrever, outros 20%  (aproximadamente) sabe ler e escrever com muita dificuldade, um pouco mais de 50% tem apenas o 1º ou 2ºciclo e apenas uma percentagem ínfima (cerca de 1%) tem o 3ºciclo completo (dados do INE).

Desta forma, é difícil explicar aos agricultores idosos e com baixo nível de instrução, que é necessário inovar, aderir a novos métodos e técnicas ou mesmo que é preciso uma adaptação às normas comunitárias de produção e comercialização.

            No contexto da União Europeia, somos o terceiro país com mais parcelas agrícolas de pequena dimensão (34%, com menos de 20 ha),  e dos países com um menor número de tractores agrícolas por exploração (0,3 tractores por exploração). Somos, pelo contrário, o segundo país que tem mais população activa agrícola (EUROSTAT, 1998). Estes dados evidenciam  uma agricultura  em desvantagem   face à maioria dos outros países, com um índice de mecanização baixo e um predomínio dos minifúndios e de uma agricultura de subsistência.

            Temos também uma forte dependência externa, evidenciada pela balança comercial de produtos alimentares com um saldo negativo em muitos dos seus produtos. Destacam-se os Cereais. Portugal tem uma taxa de auto – suficiência de apenas 38%, o que implica uma importação de 62 % do total de que necessitamos. Portugal necessitou de importar entre 1992 e 1996, uma média de 2 milhões de toneladas de cereais, que ultrapassaram os 120 milhões de contos (adaptado de Expresso, 1999/10/16)

            Com uns níveis de rendimento e produtividade baixos, torna-se fundamental  investir na modernização do sector agrícola e a torna-lo mais competitivo nos espaços nacional e  europeu.

            É preciso fazer estudos prévios aos solos de forma a adequar a aptidão dos mesmos ao seu uso.

Por exemplo, no sistema extensivo, a utilização do pousio absoluto, sem recurso às culturas forrageiras ou às pastagens artificiais, provoca a erosão dos solos.

A prática exclusiva da monocultura agrava a situação, pois conduz ao esgotamento de determinados elementos nutritivos do solo, essenciais ao desenvolvimento das culturas, tornando-o cada vez mais pobre.

Por outro lado, no sistema intensivo, a utilização inadequada de fertilizantes químicos e pesticidas contamina os solos, provocando uma diminuição da sua fertilidade (o preço reduzido do adubo faz com que alguns agricultores pensem que “quanto mais colocarem nas hortas, mais crescem as suas couves...”).

            É necessário melhorar a produção, elevando o rendimento, aumentando a produtividade, recorrendo para tal ao emparcelamento de terrenos, ao alargamento do regadio (veja-se o exemplo do Alqueva).

            A produção pode-se diversificar, apostando em novos produtos, ainda não existentes no mercado.

            A Especialização da agricultura permitirá adequar as culturas às condições ambientais, melhorando a sua rentabilidade e diminuindo os custos de produção.

            Uma melhor cooperação entre os agricultores permitirá optimizar os recursos e equipamentos.

            Controlando a qualidade dos produtos estamos a garantir a qualidade, a conquistar a confiança dos consumidores e a sua preferência.

            Para valorizar os nossos recursos humanos, teremos de dar incentivos aos jovens agricultores, rejuvenescendo o tecido empresarial agrícola.  A formação profissional dos agricultores também é  importante, tendo sido apoiada por vários programas comunitários. Porém a adesão dos agricultores depende dos incentivos e do tipo de formação proposta.

            Não nos podemos esquecer de acertar o passo com a Europa, nomeadamente tendo em conta a PAC. Em 1992 procede-se à reforma da PAC visando a diminuição dos excedentes, a redução dos preços e a promoção de um maior respeito pelo ambiente. Infelizmente, tal facto criou alguns condicionalismos à nossa agricultura, que viu limitadas algumas produções. O sistema de repartição dos apoios beneficiou mais os grandes  agricultores e o custo dos investimentos nos projectos endividou alguns agricultores portugueses.

            Quando se prevê um alargamento da União Europeia a leste, devemos pensar em melhorar acima de tudo a qualidade dos nossos produtos. É inevitável a chegada a Portugal de fruta, produtos hortícolas ou mesmo de produtos lácteos a preços muito mais baixos que os nossos. Isso até já é evidente e mal nos apercebemos quando estamos a comprar produtos Espanhóis, Franceses, a preços muito mais competitivos. Espanha, então , dada a sua proximidade geográfica, tem “entrado” em Portugal  como se tratasse de uma invasão esperada à centenas de anos...

            A agricultura  deve também ser integrada no desenvolvimento das áreas rurais, pela potencialização dos recursos naturais, pelo desenvolvimento do turismo em espaço rural, pelo incremento do comércio, pela criação de emprego, fixando a população jovem e travando as assimetrias regionais.

publicado por cerqueira-paulo às 14:34
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