Toda a gente, todo o ser humano, tem consigo a razão, a capacidade de julgar, de ver o mundo com os seus próprios olhos e daí tirar a suas conclusões. Mas os “óculos”, a sua “óptica”, depende da educação que recebeu, da cultura, dos valores que recebeu. Depende também de factores genéticos (ou de predisposições hereditárias).
E é por isso, que cada um tem uma certa ideologia política, a sua preferência clubística, os passatempos preferidos, ou mesmo a atitude a tomar em cada momento. Mas a razão, o seu “logos” é-lhe inerente e mantém-se o mesmo. A sua capacidade de pensar, raciocinar, discernir e julgar é um instrumento que lhe pertence.
É óbvio que ao longo de toda a história do Homem, as desigualdades sempre existiram. Há até uma história em que se conta que inicialmente eram todos os seres humanos iguais, vivendo em paz e harmonia, até que um deles roubou todos os bens e riquezas e formou um castelo. Á sua volta juntaram-se os seus súbditos e assim foi formado um pequeno reino. E a partir daí a sociedade ficou dividida em classes (os elementos do Clero, da Nobreza e todos os outros, a arraia miúda, que era o povo).
Nós próprios, seres humanos, pela nossa evolução natural tornamo-nos mais inteligentes do que os restantes seres. E por isso muitos de nós não tem consciência de que os outros animais sofrem também com a dor, afeiçoam-se aos seus filhos, têm sentimentos também. É óbvio que a lei da sobrevivência subjuga o mais fraco ao mais forte, a presa ao predador. Mas, ainda será admissível, que no nosso estádio de desenvolvimento, continuem a existir, por exemplo, as Touradas? Uma manifestação bárbara, grotesca, em que estamos a ver um animal a ser morto para servir de espectáculo, divertimento? E pior que tudo, fazer uma excepção à lei, como em barrancos, só porque era uma tradição dos Barranquenhos. Para além do mais, quem gosta de touradas, para mim, não é um verdadeiro ser humano.
Temos na verdade um cérebro muito desenvolvido, mas, para quem não sabe, o nosso cérebro está dividido em três partes, sendo a primeira e mais primitiva o Complexo R (reptiliano). Está presente em nós e é responsável pelos instintos mais básicos, como o de comer, fazer sexo, ou mesmo a submissão ou a dominação em relação aos outros. Mesmo a pessoa mais importante tem consigo estes instintos básicos. As outras partes do cérebro são relativas ao sistema límbico (presente em todos os mamíferos) e a última parte, muito, muito recente, em que surge a capacidade de abstracção, a capacidade de comunicar de uma forma muito complexa, ou de compor uma obra musical, por exemplo. Mas não nos esqueçamos, que mesmo a pessoa mais inteligente, a pessoas mais importante como um ministro ou deputado, é um ser com o mesmo Complexo R de um réptil. Por isso, não fiquemos muito surpreendidos, com os escândalos que vemos diariamente na televisão. Os instintos mais animalescos estão lá…
Quando na nossa evolução histórica foi abolida a escravatura, foi dado um passo importante para a igualdade entre seres humanos, entre raças. Mas, acham que a escravatura foi erradicada de vez? Continua a existir, das formas mais ou menos veladas. Em alguns países, como na Índia, alguns seres humanos já nascem escravos, pois assim determina o seu “Karma”, com dívidas a serem acumuladas de geração em geração; com a abertura de fronteiras a leste, muitos emigrantes caem nas teias da emigração clandestina, das máfias, e acabam por ficar reféns dos “passadores”. Os mesmos acusam-nos à polícia, depois pagam a sua fiança e os pobres coitados de leste para pagar a dívida tornam-se literalmente escravos. Escravos do século XXI.
Noutros países, crianças começam desde os 4 ou 5 anos de idade a trabalhar para os pais, sem nunca irem à escola.
As diferenças entre os seres humanos são cada vez maiores. O mundo está dividido entre o “norte” e o “sul”, o “industrializado” e o “não industrializado”, os “desenvolvidos” e os “não desenvolvidos”, ou seja, os ricos e os pobres. Os exploradores e os explorados, os brancos e os pretos. Mesmo em cada um dos grupos há diferenças, sendo Portugal o país mais pobre da União Europeia, o que precisa de mais apoios, o mais atrasado, o mais “preto” dos brancos.
A nível do planeta, o uso de recursos não renováveis, a utilização abusiva de recursos renováveis, as emissões de poluentes, derivados de um consumo crescente, causa impactos globais e locais. Os poluentes são produzidos de uma forma mais rápida do que a capacidade natural que a Terra tem para os absorver, provocando assim, mudanças climáticas e acidez nos ecossistemas. E sabem onde muitas vezes vão parar os resíduos, o lixo, produzido pelos países ricos? Aos países pobres. São estes o seu caixote do lixo.
Há um enorme contraste no acesso aos bens alimentares, verificam-se muitas diferenças no acesso à saúde; algumas doenças mortíferas continuam a matar milhares e milhares de pessoas (Sida, Tuberculose, Cólera, Malária, Tripanossomíase). E se é verdade que se têm verificado muitas ajudas internacionais, não há uma verdadeira tentativa de irradicação das doenças que afectam aqueles países.
A alimentação insuficiente, as precárias condições sanitárias, os baixos rendimentos, a assistência médica deficiente, a carência no acesso à água potável, o reduzido número de hospitais e de centros de saúde e os conflitos armados persistentes são alguns dos factores que explicam o aparecimento e a proliferação de muitas doenças infecciosas e parasitárias que provocam a morte de milhões de seres humanos.
A educação ainda não é para todos: nos países em vias de desenvolvimento, existem mais de 60% de mulheres analfabetas do que homens. A escolaridade feminina no ensino primário é ainda 6% inferior à masculina e uma em cada sete crianças em idade de frequentar o ensino primário está fora da escola.
Verificam-se também desigualdades no emprego e na segurança social, existindo, um pouco por todo o hemisfério sul, de dias de trabalho com a duração de 12 a 14 horas, de fábricas e de plantações vigiadas por guardas armados, de violação das convenções salariais, de trabalho infantil, entre outros aspectos. A automatização da indústria e dos serviços tem ainda a tendência para aumentar o desemprego.
Se vemos estas diferenças, estes problemas e conseguimos passar indiferentes, então não houve uma verdadeira evolução histórica e, moralmente, ainda estamos na fase dos espectáculos com sacrifícios humanos, dos gladiadores nas arenas romanas, ou no obscurantismo da idade média.
Paulo Cerqueira
(texto escrito para um jornal local, julgo que em 2002)
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